O ator Cauã Reymond conversou na tarde de hoje (9) com Ivan Padilla, editor da EXAME, e Gabriela Ruic, repórter da EXAME, para falar sobre o futuro da indústria de entretenimento diante da pandemia do novo coronavírus. O bate-papo faz parte do exame.talks, nova série de vídeos com especialistas renomados em suas respectivas áreas.
Cauã Reymond estava gravando uma nova novela, que ainda ia estrear, “Um Lugar ao Sol”. Com o início da quarentena, as gravações na Globo pararam. “A equipe gravou em Praga, eu estava gravando de madrugada, era bem cansativo. Então, quando a quarentena começou, eu aproveitei os dois primeiros dias para descansar. No segundo dia, saí para surfar. Tinha muita gente na praia, mas me senti culpado. Vi que a partir dali seria preciso levar a quarentena a sério. Não saí de casa a partir daí”, conta.
“A Globo agiu rápido ao cancelar as gravações. Uma maneira de proteger a saúde de toda a equipe. A previsão otimista é que a gente volte em junho ou julho a gravar”, diz. Para ele, uma saída é que a Globo comece a trabalhar com uma equipe reduzida, como uma produção mais independente, de “baixo orçamento”, de modo a manter a segurança de todos.
Em casa, o ator vem mantendo uma rotina cheia. “Comecei a fazer mais aulas de inglês online, faço malhação online todos os dias com uma professora, faço meditação, ajudo minha filha com as tarefas escolares. Também faço questão de fazer uma ronda, ligar para meus familiares, ver como eles estão, minha tia-avó, meu irmão”, conta.
“Tenho parceiros que me ajudam na minha casa. O primeiro passo foi falar para eles irem para casa. Falei para eles que não precisariam vir e vou continuar pagando pelo serviço. Quem pode continuar a pagar pelo serviço, faça isso, é importante”.
Audiência
“As pessoas vinham assistindo a mais televisão antes mesmo da pandemia, por conta da crise econômica. Agora, a audiência cresceu ainda mais. É um novo público que, antes, não tinha o hábito de ver televisão”, diz o ator.
Nova forma de encarar a arte
O ator ressalta que, com a quarentena e o isolamento em casa, as pessoas mudam sua percepção sobre a arte, entendem a importância de um escritor, de um cantor, de um ator.
Mas o setor cultural sofre diante da quarentena, um setor que responde por mais de 2% do PIB. O impacto econômico é relevante quando há cinemas e teatros fechados, shows e exposições canceladas. “Os artistas, na adversidade, encontram formas criativas de trabalhar e sobreviver. Gosto de acreditar que a classe artística vai encontrar um jeito de sobreviver a essa crise”.
“A gente vai voltar diferente, mais consciente. Temos que repensar coisas como consumismo, o uso do tempo no dia a dia”, analisa. “Perceberam que a arte é necessária, faz falta”.
Confira o bate-papo:
Fonte: Exame