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Carne vegetal da Fazenda Futuro está entre premiadas por inovação nos EUA

A fabricante brasileira de carnes vegetais Fazenda Futuro está entre uma das 26 escolhidas pela revista americana de empreendedorismo Fast Company na premiação World Changing Ideas (ou “ideias que mudam o mundo”, em português). O prêmio teve 3.000 inscritos, entre projetos de startups e grandes empresas de todo mundo — entre os finalistas, estiveram nomes como Google, IBM e Nike.

Os vencedores foram selecionados por um júri de outros empreendedores, representantes de fundo de investimento e filantropia. A Fazenda Futuro foi a primeira empresa brasileira a ganhar o prêmio.

Na justificativa sobre a escolha da Fazenda Futuro, a FastCo ressalta que o Brasil é, atrás dos Estados Unidos, o segundo maior consumidor de carne do mundo, mas que “muitas pessoas vêm tendo preocupação crescente com saúde e sustentabilidade” — uma demanda, na visão da revista e dos jurados da premiação, que a Fazenda Futuro é capaz de responder.

A Fazenda Futuro foi fundada somente em 2019, por Marcos Leta e Alfredo Strechinsky, os mesmos criadores da fabricante de bebidas Do Bem, de sucos e chás (vendida à Ambev em 2016 por um valor não revelado).

O primeiro aporte veio logo nos primeiros meses de operação, em uma rodada de 8,5 milhões de dólares da Monashees, gestora brasileira com participação na 99, de transportes, e na Rappi, de entregas. O valor de mercado da Fazenda Futuro subiu para 100 milhões de dólares. 

“Em menos de um ano, conseguimos disruptar e balançar estruturas tão carentes de inovação”, diz o fundador Marcos Leta, em resposta à EXAME por e-mail sobre a premiação. O empresário acredita que a presença desta tecnologia no Brasil, um grande mercado consumidor e produtor de carne e vegetais, também é um diferencial. “O Brasil é um dos países que mais gasta recursos naturais com agropecuária, além de desmatamento acelerado que vemos nos últimos anos de áreas da Amazônia, por exemplo.”

Nos Estados Unidos, os jurados da FastCo já estão familiarizados com modelos similares aos da Fazenda Futuro, como de empresas como Beyond Meat e Impossible Foods.

Ao abrir capital na bolsa no ano passado, a Beyond Meat levou a “carne de planta” ao patamar de gente grande. As ações da empresa terminaram o ano subindo cerca de 13% e chegaram a um pico de alta de mais de 200% nos primeiros meses na bolsa — ao contrário de empresas de tecnologia como Uber, Lyft, Slack e Pinterest, que também foram à bolsa nos EUA em 2019, mas viram o valor de mercado cair.

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Para além do hambúrguer vegetal (feito com beterraba, soja e ervilha), que foi o pioneiro da operação, a empresa vem lançando outros produtos que imitam a carne bovina, como almôndegas. Em março deste ano, entrou no segmento de “suínos sem carne”, lançando uma linguiça com sabor de pernil à base de plantas.

Os produtos estão disponíveis em mais de 6.000 pontos de venda, como a rede de supermercados Pão de Açúcar. Até setembro, a empresa havia vendido mais de 2 milhões de hambúrgueres.

Leta, fundador da Fazenda Futuro: escolhida uma das soluções que “mudam o mundo” pela FastCoGermano Lüders/EXAME

Impactos do coronavírus

Como os produtos da Fazenda Futuro são majoritariamente vendidos em supermercados e estabelecimentos de varejo físico que continuam abertos, o impacto do coronavírus não deve ser tão grande quanto em outros setores. Leta diz que o retorno vem sendo “positivo” tanto em produtos antigos quanto na recém-lançada linguiça, mas não abre números de vendas durante a pandemia.

Além do Brasil, os produtos são comercializados no Chile, México, Uruguai e Holanda. No Brasil, a empresa também tenta alavancar a participação no comércio eletrônico. “Tivemos, claro, que nos adaptar e tiramos do papel, por exemplo, a ideia de termos nossa loja própria no iFood”, diz Leta.

A empresa colocou a loja no ar na última semana, vendendo todos os produtos do portfólio. Junto com os produtos próprios, a loja da Fazenda Futuro está oferecendo venda de acompanhamentos, como pão de hambúrguer, molho e spaghetti de marcas parceiras.

Questionado sobre se ter mais pessoas em casa e cozinhando as próprias refeições poderia beneficiar a busca por produtos da Fazenda Futuro durante e depois da pandemia, Leta diz que ainda é cedo para fazer projeções. “Acreditamos que sim [que haverá um impacto positivo], apesar de ainda não termos a real noção dos impactos do momento atual no consumo das pessoas, já que tudo pode mudar em curtos períodos de tempo”, afirma o fundador.

A empresa optou por manter o lançamento da linguiça de pernil neste ano mesmo em meio à pandemia. A verba de marketing planejada para o produto foi doada a um fundo emergencial de auxílio a pesquisadores de coronavírus. O fundo tem valor de 100.000 reais.

Fonte: Exame

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