Jhonny Andrade e Cleiton Zanatta foram agredidos por se recusarem a pagar aluguel de cadeiras. Segundo a prefeitura, funcionários envolvidos devem ser afastados até a conclusão das investigações.
A prefeitura de Ipojuca anunciou a adoção de medidas emergenciais depois que dois turistas de Mato Grosso foram espancados por barraqueiros na praia de Porto de Galinhas, no Grande Recife. Entre as ações anunciadas, está a suspensão das atividades da Barraca da Maura, onde houve a confusão. O estabelecimento ficará fechado por uma semana.
Além do fechamento da barraca, os funcionários envolvidos devem ser afastados até a investigação sobre o caso ser concluído. Jhonny Andrade e Cleiton Zanatta foram agredidos por se recusarem a pagar aluguel de cadeiras (saiba mais abaixo). Ao menos, 14 pessoas envolvidas foram identificadas pela polícia.
De acordo com a prefeitura, a interdição temporária faz parte de uma série de providências administrativas “para garantir a apuração dos fatos e a preservação da ordem pública”. Procurada pelo g1, a dona da barraca, Maura Santos, disse que não vai comentar sobre a determinação.
Um dos balneários mais conhecidos do país, Porto de Galinhas é um distrito de Ipojuca, na Região Metropolitana, que fica a cerca de 60 quilômetros do Recife. Com piscinas naturais e águas cristalinas, o local oferta aos moradores e visitantes passeios de jangada, mergulhos e rotas de buggy por praias próximas, como Muro Alto e Maracaípe.
De acordo com a prefeitura, as medidas emergenciais são:
reforço das ações de fiscalização na orla, com ampliação do efetivo da Guarda Municipal e da Secretaria de Meio Ambiente atuando na área;
comunicação formal à barraca para o afastamento imediato e preventivo dos garçons e atendentes envolvidos, até a conclusão das investigações;
intensificação da fiscalização para coibir práticas irregulares, como venda casada e exigência de consumação mínima;
reforço das ações de fiscalização quanto ao cumprimento do Código de Defesa do Consumidor, inclusive sobre a ação de pessoas que atuam de forma irregular como “flanelinhas”.
A prefeitura também informou que, em caso de situações de emergência ou registro de ocorrências, os moradores podem procurar o Centro Integrado de Defesa Social Municipal (Cidem), pelo telefone (81) 99463-2859.
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Barraqueiros foram intimados pela Polícia Civil em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, após agressões contra dois turistas de Mato Grosso — Foto: Camila Torres/TV Globo
Barraqueiros intimados
De acordo com o secretário de Turismo de Ipojuca, Deomaci Ramos, os barraqueiros vão ter que incluir nos cardápios as informações sobre as medidas adotadas. Ele também explicou que os comerciantes podem cobrar pelo aluguel de cadeiras e de guarda-sóis, mas são proibidos de relacionar o valor ao consumo nas barracas.
“O Código de Defesa do Consumidor já proíbe essa prática, então isso não pode acontecer. Isso é a venda casada. Você senta, você não paga a cadeira, tem que consumir x valor’, afirmou.
O secretário disse, ainda, que pediu o cadastramento de todos os garçons que trabalham no atendimento aos clientes em Porto de Galinhas.
“A gente já entrou em contato com a Associação dos Barraqueiros de Porto de Galinhas para pedir, reforçar, exigir e dizer: ‘quem não apresentar, no prazo de 15 dias, vai estar impedido’. Alguns já estão atualizados, com cadastro. Vai ter que ser entregue à Secretaria de Turismo, assim como o cadastro de todos os garçons vinculados àquela barraca”, disse.
O caso aconteceu no sábado (27). Imagens gravadas por testemunhas registraram o tumulto na praia turística. No meio da confusão, é possível ver quando os turistas sobem na caçamba de uma viatura da Guarda Municipal. Um dos vídeos também mostra Jhonny com o rosto ensanguentado.
Em entrevista ao g1 no domingo (28), Johnny contou que foi agredido logo depois de questionar o valor cobrado. Além disso, o turista disse que viu indícios de homofobia no ataque.
“Ainda descendo próximo das barracas, um cara já veio e abordou a gente querendo oferecer o serviço dele. Ele ofereceu o valor das cadeiras por R$ 50 e disse que, se a gente consumisse os petiscos dele, a gente não ia pagar o valor das cadeiras e da barraca. (…) Eram umas quatro horas da tarde quando a gente pediu a nossa conta. Aí ele falou: ‘eu vi que vocês não consumiram o petisco, então agora eu vou cobrar R$ 80 da cadeira de vocês'”, contou.
O casal foi levado por uma equipe de guarda-vidas à Delegacia de Porto de Galinhas. Johnny relatou que ele e o companheiro precisaram buscar atendimento médico antes de registrar o boletim de ocorrência por conta dos ferimentos no rosto dele e de dores no corpo.
Fonte: g1.globo.com
Por Camila Torres, TV Globo









































