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    Rondônia, quinta, 16 de outubro de 2025.

Nacional

Antes destaque mundial, Grande Barreira de Corais australiana é comparada a cemitério

Anne Hoggett, que mergulha há décadas perto da Grande Barreira de Corais, no nordeste da Austrália, confirma, revoltada, o branqueamento maciço destes organismos, provocado pelas mudanças climáticas.

“Sinto raiva de saber que temos o poder de impedi-lo e não fazemos nada com rapidez suficiente”, ressalta esta bióloga marinha que há 33 anos mora e trabalha na ilha do Lagarto, perto do maior arrecife de corais do mundo.

Este último se estende por mais de 2.300 quilômetros ao longo da costa nordeste da Austrália e abriga cerca de 1.600 espécies de peixes e 600 tipos de coral.

Hoggett mergulha regularmente em meio a cardumes que buscam ali refúgio e alimento. Mas o local parece um cemitério devido ao novo episódio de branqueamento maciço que assola esta joia ecológica.

Este fenômeno é provocado por um aumento da temperatura da água que causa a expulsão das algas simbióticas que dão colorido ao coral.

Desde fevereiro, as temperaturas submarinas ao redor da ilha do Lagarto estão 2°C acima da média. Consequentemente, cerca de 80% dos corais morreram, segundo a bióloga. Talvez “tenham sofrido danos demais para poder se regenerar“, comenta, preocupada.

Anunciado em março pelas autoridades australianas, este novo episódio de branqueamento maciço é o quinto em oito anos.

Segundo estudos aéreos, afeta mais de 600 arrecifes em nível local e 10% da Grande Barreira de Coral sofrem um branqueamento extremo, comprometendo permanentemente as possibilidades de vida da maioria de seus corais.

O fenômeno não se limita à Austrália. Na segunda-feira, 15, a Agência Americana de Observação Oceânica e Atmosférica (NOAA) anunciou que o planeta está experimentando seu segundo maior episódio de branqueamento de corais em dez anos.

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“O branqueamento dos corais é cada vez mais frequente e grave”, afirmou Derek Manzello, coordenador do Observatório de Arrecifes de Coral da NOAA, apontando para as temperaturas recorde do oceano.

Culpa das mudanças climáticas

Quando Hoggett chegou à ilha do Lagarto nos anos 1990, este fenômeno acontecia a cada década. Mas agora, os arrecifes de coral que cercam a ilha vão passar por um episódio deste tipo a cada ano ou quase isso, alerta.

Segundo os cientistas, uma elevação de 2°C nas temperaturas poderia provocar o desaparecimento total de 95% dos arrecifes de coral do planeta.

Mesmo se for respeitada a meta da comunidade internacional, amplamente considerada inatingível, de limitar esta elevação a 1,5°C em relação à era pré-industrial, 70% dos arrecifes de coral poderiam estar sujeitos ao branqueamento.

Foram investidos bilhões de dólares para tentar salvar os corais, mas para o cientista Terry Hughes, as mudanças climáticas são as culpadas.

“Depois de 50 anos de intervenções, as tentativas de restaurar os corais não modificam a ecologia de um único arrecife”, ressalta.

Sem solução

A criação de corais em aquários, proposta como possível solução, lhe parece especialmente irreal.

“Seriam necessários 250 milhões de corais grandes, cada um do tamanho de um prato, para aumentar a cobertura coralina da Grande Barreira de Corais em apenas 1%, e isso custaria bilhões de dólares”, indica.

A única solução é “reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rapidamente possível”, afirma.

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A Austrália, um dos maiores emissores do planeta, já investiu mais de US$ 3 bilhões (R$ 15,78 bilhões, na cotação atual) para melhorar a qualidade da água, reduzir os efeitos das mudanças climáticas e proteger espécies ameaçadas de extinção.

Mas o país é um dos maiores exportadores de gás natural e carvão, e só recentemente estabeleceu metas, consideradas pouco ambiciosas, para obter a neutralidade de carbono.

Para Roger Beeden, diretor científico da Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais, é cedo demais para tirar conclusões sobre este último episódio de branqueamento de corais. “Há centenas de espécies de corais que evoluem em um entorno incrivelmente mutável. São muito adaptáveis”, observa, esperançoso.

Fonte: Exame

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