A rápida expansão das usinas de etanol de milho em Mato Grosso tem pressionado a oferta de florestas plantadas, segundo dados da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta). A madeira de reflorestamento é a principal fonte de energia térmica utilizada pelas biorefinarias, mas a produção não tem acompanhado o ritmo de crescimento do setor de biocombustíveis.
Até a safra 2025/26, o Brasil deve utilizar 13,52 milhões de toneladas de milho para fabricar etanol, demanda que exigiria o consumo de madeira equivalente a 27 mil hectares de eucalipto por ano, totalizando 162 mil hectares caso apenas essa espécie fosse utilizada como combustível.
Crescimento acelerado das usinas no estado
Atualmente, Mato Grosso conta com 10 usinas de etanol de milho em operação, 7 autorizadas e 8 anunciadas, evidenciando a rápida expansão do setor. Segundo o presidente da Arefloresta, Clair Bariviera, a produção de biocombustível deve crescer 104% em uma década, criando a necessidade de novos plantios de aproximadamente 168 mil hectares de eucalipto.
“O ciclo produtivo das florestas é longo: a colheita ocorre dez anos após o plantio. Precisamos plantar hoje, e rápido, para atender à demanda futura”, alertou Bariviera durante evento da Expedição Silvicultura, em Lucas do Rio Verde.
Uso de biomassa nativa preocupa setor florestal
O secretário-geral da Arefloresta, Fausto Takizawa, ressaltou que as biorefinarias se tornaram grandes consumidoras de madeira plantada, utilizando a biomassa em caldeiras para gerar energia renovável. Apesar disso, entre 2021 e 2024, o consumo total de lenha no estado dobrou, enquanto a participação da madeira de reflorestamento caiu de 59% para 50%.
“Essa dependência crescente da biomassa nativa vai na contramão da descarbonização da economia e acende um alerta para o setor”, destacou Bariviera.
Potencial de expansão da silvicultura sustentável em Mato Grosso
Apesar dos desafios, o estado apresenta alto potencial para o crescimento da silvicultura, especialmente com a conversão de áreas de pastagem em florestas plantadas. A adoção de práticas sustentáveis, certificações e inovação tecnológica tem impulsionado o setor.
Takizawa ressaltou que os associados da Arefloresta já registraram 21 cultivares de teca no Ministério da Agricultura (MAPA) e possuem certificação FSC®, demonstrando o compromisso com o manejo responsável e o fortalecimento de uma cadeia florestal sustentável no estado.
Fonte: Portal do Agronegócio
