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    Rondônia, sábado, 25 de outubro de 2025.

Nacional

Celebração da imigração fortalece relação bilateral, diz cônsul da Itália em BH

(O TEMPO) São 150 anos de imigração italiana para o Brasil. Como começou a relação com Minas Gerais e quantos italianos vivem aqui?

 

(Nicoletta Gomiero, cônsul da Itália em Belo Horizonte

 

Atualmente temos cerca de 48 mil cidadãos italianos residentes em Minas Gerais inscritos neste Consulado, dos quais mais de 21 mil estão em Belo Horizonte. Estima-se, na região, um número superior a 2 milhões de descendentes de italianos, levando o Estado a ocupar a sexta posição em relação a maior população italiana e italodescendente residente no Brasil. 

 

O Estado de Minas Gerais foi uma das principais regiões a receber a população italiana durante as ondas migratórias nos últimos 150 anos. Uma história de grande impacto sobre a cultura local, contruída por trabalhadores que trouxeram a identidade italiana, a riqueza e a diversidade de uma bagagem cultural imensurável e em ocasião da qual teremos a oportunidade valorizar ainda mais essa potente ligação entre os dois países durante a programação de celebração dos 150 anos da Imigração Italiana no Brasil.

 

Qual é o papel do Consulado da Itália em Belo Horizonte? Como funciona o trabalho de integração entre os dois países, pensando na atuação em Minas Gerais?

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Em um Estado tão grande como Minas Gerais, onde reside uma importante comunidade italiana e italodescendente, o papel do consulado é, antes de tudo, atender à comunidade aqui presente, realizando com eficiência os serviços consulares, os procedimentos de registro civil e a emissão de documentos de identidade e viagens, serviços eleitorais e serviços notariais. Esses são apenas alguns exemplos dos vários procedimentos administrativos oferecidos pelo Consulado aos seus cidadãos. É um desafio que, com a minha pequena equipe de colaboradores, perseguimos diariamente com empenho e dedicação.

 

Além disso, o papel é também o de fortalecer as relações entre Minas Gerais e Itália e promover nosso país, o ensino da língua italiana e a cooperação bilateral em todos os setores. O acolhimento que eu recebo pelas instituições e pelos mineiros em geral é um incentivo constante para a realização de novas iniciativas conjuntas, cada vez mais importantes. 

 

O forte vínculo de Minas com a cultura italiana auxilia a integração dos países? Quais resultados a senhora citaria?

 

Essa forte presença é a base das excelentes relações entre Minas Gerais e Itália. E é uma alavanca poderosa para o consulado, na integração entre os países. Um ano após minha chegada a Belo Horizonte, considero os resultados muito positivos. O papel principal do consulado é atender à comunidade italiana aqui presente, realizando com eficiência os serviços consulares.  Por exemplo, tivemos aumento de 25% dos passaportes emitidos e das missões para levar os serviços ao interior de Minas.

 

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Os prazos para conclusão dos procedimentos de cidadania foram reduzidos, e uma série de procedimentos foi agilizada. 

 

Outra importante função já mencionada é o fortalecimento das relações entre Minas Gerais e Itália. Novos acordos foram assinados para fortalecer a cooperação acadêmica, além de iniciativas culturais e artísticas e de investimentos anunciados por empresas italianas. A cooperação política e cultural é excelente. Abrimos 2024 com excelentes perspectivas.

 

Minas Gerais é um Estado estratégico para a Itália economicamente, com a instalação de empresas italianas por aqui. Como a senhora resumiria essa relação, em termos de investimentos do passado, do presente e expectativa para o futuro?

 

Minas e Itália têm longa tradição de relacionamento, com intenso diálogo político, intercâmbio de visões sobre temas atuais, proximidade social, cultural e comercial. Os investimentos italianos não param de crescer no Estado e temos cerca de 110 empresas italianas instaladas em Minas Gerais. Os setores com maior presença italiana são – em alinhamento com a tendência brasileira – aqueles de maquinário, automobilístico, logística, metalúrgico, construção civil, farmacêutico, agroalimentar e serviços. Minas Gerais é o maior Estado brasileiro exportador para o Itália e nas importações brasileiras é o segundo maior estado importador da Itália. As possibilidades de troca em todos esses setores e cadeias produtivas tradicionais são imensas, o potencial é realmente enorme.

 

A partir desta tradição consolidada, a expectativa para o futuro é alta, como demonstram os anúncios de importantes investimentos em Minas Gerais por parte de algumas das principais empresas italianas. Minas Gerais oferece grandes oportunidades e ainda há possibilidades de maior crescimento do comércio em setores novos e estratégicos, como mobilidade e moda sustentáveis, tecnologias agrícolas e inteligência artificial.

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O consulado está ao lado de empresas italianas e mineiras pelo fortalecimento do comércio e apoia parcerias entre empresas e universidades para o desenvolvimento de novas iniciativas de pesquisa e inovação.

 

Sobre o intercâmbio cultural e esportivo, o que a senhora destacaria em relação ao Estado?

 

Minas Gerais sempre apresentou uma forte relação de trocas culturais com a Itália. Podemos observar a significativa influência italiana na arquitetura, na moda, na gastronomia, no design e em tantas outras manifestações culturais e esportivas. Nosso objetivo é manter e expandir cada vez mais essa vital relação. 

 

O interesse pela cultura italiana não se encerra no aspecto histórico do Estado. Existe uma tendência e um desejo de fortalecer esse intercâmbio entre os novos expoentes da cena artística italiana e mineira. No ano passado, trouxemos o artista italiano Millo para a Lagoinha e para o festival Mapa, em Itabira, um festival de arte urbana, no qual ele pôde deixar registrado um painel belíssimo em homenagem ao escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade, e ainda teve a oportunidade de trabalhar junto a outros grandes artistas do país. Uma iniciativa de grande impacto para a cidade com alta receptividade dos cidadãos e mais de 75 mil visualizações nas redes sociais. 

 

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A cena musical também foi muito bem representada tanto por artistas já consolidados como por aquele ainda em crescimento na Itália e no Brasil. Trouxemos Fabio Lepore em turnê pelo Brasil, Gaia Gentile, por Minas Gerais, e Angela Papale e Fabio Marra, em uma emocionante homenagem à Maria Callas.

 

Sem contar os grandes músicos mineiros que colaboraram com a gente durante toda a programação do ano. São muitas as iniciativas que propusemos durante o ano passado e que desejamos oferecer para esse ano.

 

Nosso maior objetivo é alcançar, cada vez mais, a população mineira, não só aquela italodescendente, mas  todos que se interessam por nossa cultura. 

 

No âmbito político, como ocorre a troca bilateral Minas/Itália? A senhora avalia que o Legislativo mineiro, com deputados e senadores, poderia atuar para aproximar mais Minas e Itália, com foco na troca de investimentos? Como se dá hoje essa relação?

 

As excelentes relações bilaterais refletem-se também na esfera política. O diálogo com as instituições e os partidos políticos é aberto e construtivo, graças à elevada consideração que a Itália conta com em todos os níveis.

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Recebi com muita satisfação e emoção a recente notícia da criação do Frente Parlamentar Minas-Itália na Assembleia Legislativa, que visa a aproximação e valorização da comunidade italiana estabelecida no Estado. Além de ser um esplêndido testemunho do forte vínculo com a Itália, também na esfera política, oferece uma ferramenta válida para fortalecer ainda mais as já excelentes relações bilaterais, que certamente produzirá resultados.

 

De que forma as relações políticas entre quem ocupa os cargos de governador de Minas e prefeito de Belo Horizonte podem auxiliar a relação com a Itália? O que é importante?

 

No equilíbrio político entre os altos cargos políticos e executivos do Estado, nossas relações beneficiam de uma cordialidade e abertura favorecidas por afinidades culturais e sociais, visando a implementação de iniciativas positivas de interesse comum. Ao participar na missão empresarial à Itália, liderada pelo governador Zema em setembro do ano passado, eu pude constatar o quão proveitoso e concreto foi e ainda é o intercâmbio com as regiões e as empresas italianas.

 

Em igual medida, o diálogo com a Prefeitura de Belo Horizonte é intenso para a realização de iniciativas culturais e artísticas de impacto, além da criação de novas parcerias.

 

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Pela terceira vez, o Consulado da Itália em Belo Horizonte, é chefiado por uma mulher. A senhora assumiu há pouco mais de um ano. O que isso representa, considerando que em cargos políticos, de forma geral, as mulheres ainda são minoria?

 

Desde meus primeiros dias em Minas, pude apreciar a acolhida calorosa que os mineiros conseguem reservar para quem chega, tanto hoje como no passado. Além disso, a função de cônsul proporciona uma aproximação com as pessoas e auxilia a compreender o quanto o contexto de Minas, dinâmico e receptivo em todos os setores, possui uma grande riqueza humana e cultural. É uma honra para mim representar a Itália em Minas Gerais. E mais, considero que parte da minha missão é também representar aquela componente feminina que opera numa esfera que, hoje, ainda é predominantemente masculina.

 

Desde que assumiu esse cargo, a senhora já sofreu algum tipo de preconceito pelo fato de ser mulher à frente de uma missão tão estratégica, seja no Brasil ou fora daqui?

 

Não posso dizer que tenha sofrido preconceitos na minha função, mas ainda há um caminho a percorrer para que a presença feminina seja acolhida com total serenidade e igualdade, no Brasil com na Itália. É uma evolução gradual da sociedade que leva tempo para se estabelecer um caminho que acredito que estamos trilhando, progredindo a cada dia.

 

Hoje, como está o interesse dos mineiros em obter a cidadania italiana? Como é em relação ao Brasil? Esses números têm aumentado nos últimos anos? Por quê?

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Devo admitir que os números são impressionantes. Como dizia, o número estimado de italodescendentes é superior a 2 milhões. Não é possível estabelecer exatamente a quantidade de pedidos de cidadania, pois não trabalhamos com lista de espera, e sim com um número limitado de vagas estabelecido de acordo com a capacidade de atendimento do consulado, que hoje, conta com dois funcionários no setor. 

 

O interesse dos mineiros, e dos brasileiros em geral, em obter a cidadania italiana é muito forte e os pedidos de cidadania e sobre tudo de passaportes para fins de viagem estão crescendo, tanto em Minas como em todo o Brasil. Na esperança de que esses pedidos reflitam um interesse sincero pelas próprias origens e pela continuidade dos laços entre Minas e as diversas regiões italianas, o consulado compromete-se a responder a esta enorme procura, na medida dos seus recursos humanos e financeiros, na melhor das suas possibilidades e consciente dos limites estruturais.

 

Para finalizar, qual é a programação prevista para Belo Horizonte e Minas Gerais em relação aos 150 anos da imigração italiana no Brasil?

 

Com colaboração do Comitês-MG, das Associações Italianas em Minas Gerais e dos parceiros institucionais, estamos preparando uma programação especial para a comemoração dos 150 anos da imigração italiana no Brasil. A agenda começa no dia 21 fevereiro, data simbólica escolhida pelo legislativo brasileiro como “Dia Nacional do Imigrante Italiano”, e contará com cursos, concertos, produções artísticas e encontros em formatos diversos.

 

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No dia 21 de fevereiro teremos o lançamento do curso on-line “Italianos no Brasil e Italiano do Brasil: emigrantes, imigrados e italodescendentes” com o professor Emilio Franzina, considerado um dos maiores pesquisadores da história da emigração italiana na América e no Brasil, uma realização em parceria com o Ponte entre Culturas.

 

No dia 22, um recital comemorativo realizado pelo Comitê-MG em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo do Estado.

 

Em março, teremos o lançamento da série documental “Figli del Lavoro”, que irá relatar lembranças e histórias vivenciadas e/ou transmitidas por 26 descendentes de 19 famílias de imigrantes italianos residentes em São João del-Rei e, já no ar, o site do Museu Virtual da Imigração Italiana em Minas Gerais, uma realização do “Ponte Entre Culturas”, em prol da valorização e preservação do patrimônio cultural representado pela história dos imigrantes italianos.

 

O programa se desenvolverá ao longo do ano e será apresentado ao público por meio de nossas redes sociais e de nossos parceiros. 

 

Fonte: O tempo

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